sexta-feira, 14 de novembro de 2008

SUB-MUNDOS

Ontem , quando percorria os títulos dos jornais no quiosque do bairro, o meu olhar parou de repente no título a página inteira e com fotografia, de um diário desportivo.
O referido jornal titulava, entre uma certa ideia de gravidade e um zelo "estranho", que determinado jogador tem o pescoço protegido por via de uma lesão.
É certo que a imprensa desportiva tem de sobreviver a todo o custo. E neste caso, "todo o custo" quer dizer efectivamente isso.
É quase surreal que num país como o nosso, carente de tanta coisa, (com o bom senso na cabeça do pelotão...) a imprensa se esborregue em três diários desportivos. Três!
Não me dei ao trabalho (para mim penoso - o desprezo que nutro pelos diários desportivos é comparável ao que alguns ministros do governo têm pelos seus "tutelados") de ir ver o interior do jornal. Mas não me espanta que nele a dita notícia tivesse tratamento de duas páginas, como toda a situação clínica do jogador explicada aos paisanos.
Por outro lado, sobram pelas ruas do país, casos que careciam de duas linhas de jornal, 15 segundos de rádio ou televisão...
Porém, os superiores desígnios cimentam a indiferença e a selecção criteriosa do que se quer dar a conhecer. Não são os nossos olhos e sentidos que vêem e interpretam, são os olhos de alguém e os seus sentidos, outros olhos e outros entidos, que o fazem por nós.
Independentemente das melhoras no pescoço do jogador de matinal página inteira, há tanta vida, tantos sub-mundos e tão mais importantes para além do sub-mundo do futebol.
Outros sub-mundos que teimam em manter-se por baixo do bem estar da consciência (que se quer tranquila e ensonada) de todos nós.

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