sábado, 8 de novembro de 2008

PERIGOSOS


A manifestação dos cem ou cento e tal mil professores de hoje, tal como a de Março, valerá nada.
A Ministra, com o maior cinismo possível, desdenha dos professores, dos "manifestantes" e claro, a mando do "grande chefe", mandará a avaliação, essa abstrusa criatura, seguir o seu caminho.
Há uns quantos pontos sobre os quais não tenho dúvida:

1 -
Com um qualquer governo do PSD ou dito de "direita ou centro-direita", esta manifestação não se realizaria. A de 8 de Março passado já teria feito cair uma Ministra(o) da Educação (ou até um governo - Santana Lopes, goste-se ou adore-se caiu por bem menos...) que ousasse parir tal modelo de avaliação e tentasse, conseguindo, colocar os professores, TODOS, contra os outros e tidos como uns malfeitores, parasitas, malandros e possuidores dos piores defeitos do mundo.

2 - As manifestações de hoje e de Março vão, pois, ser meros exercícios estatísticos que o governo usará, daqui a meses e com todo o descaramento (que lhe sobra) alegando ter levado adiante uma "reforma sem precedentes no ensino em Portugal", contra tudo e contra todos, revelando assim à nação, o seu impulso reformista e transformador.

3 - Apenas uma paralisação dos professores, global ou perto disso e por uma semana ou duas lançando o caos no país (tal como fizeram os camionistas a quem depois foi prometido tudo, não fosse a gloriosa nação socrática colapsar...) poderá conter o riso cínico de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues.

4 - Os sindicatos, cuja linguagem se mantém agarrada aos cânones de há 30 e tal anos não souberam, não sabem e não saberão administrar de modo útil, todo o visível capital de descontentamento da uma esmagadora maioria da classe docente.
Poucas classes profissionais se poderão gabar de reunir numa manifestação, cerca de 85% do seu total, contra a sua tutela e respectivas políticas.

5 - A comunicação social, na sua grande parte comportada como os"animais amestrados", tratará de fazer o branqueamento de toda a situação, relativizando os números, dando voz e mais voz à Ministra e, eventualmente, ao "Grande Engenheiro", tratando de fazer passar a mensagem de que os professores não têm meio átomo de razão, recorrendo a habilidosas manipulações, seja de números, seja do que se diz ou escreve.

Quanto aos professores e aos alunos, por arrasto, serão meros elementos para alimentar estatísticas, manipulados como se fossem marionetas ao serviço de gente perigosa que não olha a meios (manipulação, mentiras e companhia) para atingir os seus fins, repito os SEUS fins!
Tudo isto, em suma, eu resumiria numa palavra que caracteriza este governo e estes tempos:
Perigosos!

6 comentários:

Anónimo disse...

Na Sic notícias fiquei realmente de boca aberta com as afirmações da ministra da educação. Tenho pena dela pois a realidade que ela menciona e os motivos que apresenta parecem vir de alguém que está muito doente e emocionalmente traumatizada com a vida. Dentro de um discurso aparentemente político e que deveria ser sério só me vem esta à cabeça: Esta senhoraóu é muito mal formada e uma hipócrita mentirosa, ou é demente e doente!!Ainda mais me questiono com o estado geral do nosso país!!!!!! As pessoas não se preocupam!!!???? No futuro todos pagarão um preço muito elevado pelas decisões e falta de visão do presente. Voltaremos a uma ditadura certamente... Paula F

Caroteno disse...

Reparemos que os militares falaram num levantamento dos quartéis e foram logo ouvidos...temos também nós que fazer um levantamento dos nossos quartéis e entrar também em guerra! é certo que não temos as os F-16, nem outros artefactos de guerra...mas temos o poder de lançar o caos de os milhares de crianças não terem onde ficar!!
Temo contudo que a classe docente não seja capaz de chegar a esse ponto pois somos uma classe um pouco desunida!
Por outro lado lançava o desafio de na próxima semana e para calar a ministra que disse à boca cheia que isto foi uma manifestação política...na próxima semana há uma nova manifestação marcada...desta vez sem nenhum sindicato por trás dela...será que com número iguais...qual a desculpa da ministra!!???

Cristina Ribas disse...

Não podemos pensar dessa forma, o que aconteceu ontem, foi que os laços da classe sairam reforçados e agora têm que ser alimentados e temos que seguir em frente e não perder a enregia interior e a capacidade de lutar por aquilo em que acreditamos, por aquilo que é importante! Não somos uma classe unida mas não há dúvida que estamos cada vez mais unidos e isso é fundamental! Concordo que uma greve é importante e necessária mas não podemos dizer que não vamos a lado nenhum e que esta manifestação não vai resultar em nada. Temos que nos lembrar também que quando os sindicatos fizeram o acordo em Abril, os contratados corriam o risco de não poder concorrer este ano e essa responsabilidade ninguém podia assumir, isso não podia ser! Unimo-nos para dia 8 de Março e para dia 8 de Novembro e assim vamos permanecer, não vamos desmobilizar, só se isso acontecer as manifestações serão em vão, não deixem que isso aconteça e se preciso for vamos para a greve, mas lutemos pelo verdadeiro sentido da educação!

António Luís disse...

Cara Cristina Ribas!

Eu reconheço o papel dos sindicatos. Revejo neles o mérito que efectivamente têm, reconheço a sua acção em prol dos contratados, como aludiu no seu comentário, etc.
Apenas me interrogo, de modo céptico, acerca das consequências das 2 manif's. Elas revelam uma união que é muito importante realçar. Porém, a manif de 8 de Março foi incapaz de produzir resultados relativamente ao modelo de avaliação que está em vigor...
É este modelo de avaliação absolutamente pavoroso que importa estancar...
O meu papel eu cumpro. Na minha escola e no departamento a que pertenço já me manifestei pela suspensão da avaliação...

Cumprimentos.

Anónimo disse...

É pá! Não comentem sem saber!

Este é um exemplo:
http://vouseravaliado.blogspot.com/
Depois comentem à vontade.

Unknown disse...

Eu e algumas colegas reflectimos e entendemos que emos que fazer alguma coisa JÁ. Aproveitamos que temos uma manif agendada para a próxima semana e juntamos as tropas todas: família, alunos, pais, todos os que se indignam contra o Estatuto dos profs e dos alunos.
Depois da 2ª manifestação com mais de cem mil profs na rua, a ministra não muda o discurso hipócrita, falso e acusatório. Pois bem, venho apelar aos sindicatos, aos movimentos de profs, a todos os professores, que mais uma vez se unam e façam um apelo às comissões de pais de norte a sul do país, aos alunos, estudantes para se unirem a nós e no próxímo dia 15/11 marcharmos todos em defesa da Escola Pública.
Esta é a hora, perante tal arrogância temos que reagir de imediato aproveitando a manifestação que já está marcada. As palavras de ordem desta manifestação deveriam ser:

-em defesa da Escola Pública
-abaixo o estatuto do aluno
-abaixo o novo regime da educação especial-queremos apoio especializado para os nossos alunos
-suspensão deste modelo de avaliação de desempenho
-abaixo o novo modelo de gestão das escolas
-abaixo a divisão da carreira em titulares e outros
-renegociação imediata do Estatuto da Carreira Docente

É importantíssimo chamar para a nossa luta as famílias e os alunos, todos juntos vamos obrigar a ministra a engolir o que disse, deixando cair esta politica corrusiva.
Apelo aos sindicatos, aos movimentos de profs, a todos nós para não desperdiçar-mos esta oportunidade pois já há muitos professores mobilizados para o proximo sábado.
Sou professora há 35 anos, sou sindicalizada e sei que para vencermos, temos que estar unidos.

Elvira Duarte e Natália Pinto